sábado, 26 de julho de 2008

Amizade com começo, meio e fim

Chegou calma, pegou um whisky 8 anos e sentou na mesinha baixa que fica ao lado do balcão. Deixou a bolsa marrom na cadeira ao lado e a puxou para perto. Mexeu um pouco o copo e levou para perto do nariz. Voltou ele à mesa e passou as mãos no cabelo. Se levantou, tirou a jaqueta jeans branca – que harmonizava perfeitamente com os tons claros do cabelo -, e voltou a sentar.

Eu estava na mesa alta do outro canto, quase saindo. Tinha resolvido fumar um charuto na tabacaria por meia hora, antes de seguir ao bar onde encontraria os amigos. Resolvi pedir uma água para espiar um pouco mais aquela garota mulher. Foi quando ela tirou Otelo da bolsa. Pensei “bonita e inteligente, de certo tem chulé".

Esqueci a lei seca e pedi o mesmo whisky que ela tomava. Pedi licença e sentei a sua frente. Licença novamente, e afastei a cadeira com a bolsa marrom. Sorrindo, pegou a bolsa e colocou entre as pernas. Pernas cobertas por um social preto. Começamos a conversar sobre Otelo, seguimos para Garcia Marques, e logo chegamos à novela da Globo, onde começamos a rir. Iniciamos uma disputa de respostas rápidas que me fazia querer ficar um pouco mais.

Então o telefone tocou. Os amigos já estavam no bar, mas ainda caretas. Pedi a terceira licença e me levantei. Não peguei telefone nem deixei o meu. Não combinamos um novo bate-papo. Apenas dei um beijo no rosto e sai. Sai com a certeza que, se combinado, se com intenção, não teria tido a mesma graça. Assim descobri uma amizade com começo, meio e fim.

Nenhum comentário: