segunda-feira, 30 de junho de 2008

Caretas por obrigação

Obrigaram-me a trocar a cirrose pelo câncer de pulmão. Pizza com vinho (talvez um Periquita), bolinho de arroz com uma caipiroska (talvez de maracujá), um longo bate-papo com um whisky (talvez um Buchanan´s). Tudo proibido, à não ser que venham de táxi.

Sendo assim, troquei as noites em bares por madrugadas nos cafés. Sexta em um, sábado em outro (ambos da mesma rede). Mas, se não posso apreciar algo com um pouco de álcool, voltei a degustar algo com fumo. Voltaram às cigarrilhas, os bafos de charuto e a sobriedade chata dos caretas por obrigação.

A vida ficou mais barata, já que os valores cobrados pelos cafés são justos, e a caixinha de Dona Flor seja mais em conta que um copo ao meio. Mas ela – a vida - perdeu muito da sua magia. Nada de jantar acompanhado de vinho ou uma longa conversa com os amigos apreciando uma garrafa de 12 anos.

Troquei o álcool pela cigarrilha, os petiscos pelos cafés. As longas e talvez chatas explanações sobre estudos com whisky foram substituídas por histórias que sempre valem ser contadas ou ouvidas. De forma autoritária, aprendi que tudo pode ser substituído – o que é ótimo. Basta que precisemos ou que o governo imponha.


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Um novo bon-vivant

Confesso que o Bon Vivant nasceu há dois meses com um propósito bastante divertido. Falar da relação entre homens e mulheres a partir da perspectiva de amigos ou de mim mesmo. São visões – no mínimo – interessantes de como as relações funcionam na vida real, daquelas bem diferentes das que sonhamos. Mas nem por isso relações tristes. Ao contrário: divertidíssimas e de cuca boa. São as que descobri nos últimos meses. São as que fazem com que amigos me olhem e digam “bon vivant”, mesmo que não saibam ao certo o que ou como é isso.

O projeto ficou engavetado por conta do conteúdo dos textos. São histórias que em bares dão muito certo, mas para o formato blog ficariam tolas. E, se for para desmerecer uma boa história, é melhor que ela fique de canto, quieta, esperando um bom bar para sair do seu baú. E também por conta de uma amiga que, ao saber do conteúdo do blog, fez uma comparação de dar medo. O teor dos meus textos do passado, e a vontade de bagunçar agora. De uma forma ou outra, resolvi preservar as coisas que mais amo: meus textos e minhas idéias.

Mas para tudo dá-se um jeito. O blog continua, mas com foco diferente. Falarei do bom da vida. Do que temos de bom por ai. As músicas, grandes shows, vinhos e whiskys, cigarrilhas, corridas de rua, e tantos outros. Sentirei falta – muita – do ácido dos textos originais do Bon-Vivant. Mas... Temos alguns bares pela frente, não é?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hoje, mais que qualquer outra data, vale um texto do Vinícius de Moraes. A partir deste textoudarei início ao blog. Afinal, Vinícius é sempre Vinícius. Meus amigos de verdade, sempre meis amigos de verdade - e que amigos...

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. É delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí." Vinícius de Moraes

sábado, 21 de junho de 2008

23 de junho de 2008

Não é por acaso que o primeiro texto do "Os Bon-Vivant" será postado na segunda-feira, dia 23 de junho - meu número da sorte. Mas vale falar um pouco deste blog: é a mistura da fome com a vontade de comer. Por um lado, há meses quero escrever sobre a cabeça dos homens e suas relações com as mulheres. Estes textos serão escritos em forma de crônica, cujo personagem central é o Caio - um verdadeiro bon-vivant. Ao mesmo tempo, posso voltar a escrever sobre as coisas boas da vida, e de como ela poderia ser mais fácil, se analisassemos cada uma das suas facetas pela forma mais simples. Estes textos serão meus, e neles o Caio não terá participação alguma. Ou seja, o blog é duas vezes meu. Sendo que, vez ou outra, é do Caio.