segunda-feira, 30 de junho de 2008

Caretas por obrigação

Obrigaram-me a trocar a cirrose pelo câncer de pulmão. Pizza com vinho (talvez um Periquita), bolinho de arroz com uma caipiroska (talvez de maracujá), um longo bate-papo com um whisky (talvez um Buchanan´s). Tudo proibido, à não ser que venham de táxi.

Sendo assim, troquei as noites em bares por madrugadas nos cafés. Sexta em um, sábado em outro (ambos da mesma rede). Mas, se não posso apreciar algo com um pouco de álcool, voltei a degustar algo com fumo. Voltaram às cigarrilhas, os bafos de charuto e a sobriedade chata dos caretas por obrigação.

A vida ficou mais barata, já que os valores cobrados pelos cafés são justos, e a caixinha de Dona Flor seja mais em conta que um copo ao meio. Mas ela – a vida - perdeu muito da sua magia. Nada de jantar acompanhado de vinho ou uma longa conversa com os amigos apreciando uma garrafa de 12 anos.

Troquei o álcool pela cigarrilha, os petiscos pelos cafés. As longas e talvez chatas explanações sobre estudos com whisky foram substituídas por histórias que sempre valem ser contadas ou ouvidas. De forma autoritária, aprendi que tudo pode ser substituído – o que é ótimo. Basta que precisemos ou que o governo imponha.

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